O ÚLTIMO RIO SABOR
Rio selvagem, rio Sabor
Corre lentamente e devagarinho
As águas do rio, pelos vales, montanhas
Lameiros, entre giestas e choupos
Correm como as almas, que sentem a escuridão
Nas águas geladas do rio, as mulheres que choram
De dor e saudade, que querem sair da escuridão e da solidão
Corre lento e devagarinho, o rio selvagem e puro
Com as dores daqueles que sentem a perda de alguém
Corre o rio entre as fragas e pedras, com o sofrimento
Daqueles que não conseguem, sair do seu leito
Que ficam nas margens, com o frio e triste
Estão as almas, que ninguém as quer, sozinhas abandonadas
Neste rio que corre lento e devagarinho
Com a saudade dos vivos e dos que partiram para longe
Ficaram sozinhas as almas, na água pura e fresca do rio
Que corre lento e devagarinho.
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
NUVENS NEGRAS
As nuvens estão negras e cobrem o céu
Assim está frio o meu coração
Feito de luar nesta noite calma
Vestido de vida, despida de memórias
Manso suave das águas do rio
Mãos vazias, cheias de nada
Casas velhas, desabitadas
Perdidas, esquecidas
Medos, segredos das chaves feridas
As nuvens estão negras e cobrem o céu
Nasce o sol vestido de luz feita de madrugada..!
Isabel Morais Ribeiro Fonseca

OBRIGADO
Tenho, tenho uma necessidade absurda de escrever
Sobre tudo o que sinto, sobre tudo o que me incomoda
Ao principio os meus textos, muitas vezes não saiam dos rascunhos
Talvez por medo ou talvez porque achar que não eram bons
Para partilhar ou ler
Depois o medo foi ganhando coragem
Dou graças a Deus por ter-me dado asas
A realidade é que os meus textos ou rascunhos
Estão cheios de tudo que vai cá dentro
As minhas mágoas; os medos, as vitórias, as derrotas
As mágoas; de que tenho sido protagonista
Os meus textos e poemas; são o meu cantinho; o meu abrigo
Sei que posso escrever
O meu maior critico é o meu marido, é nele que eu confio
Sinto-me segura no meu cantinho e no meu refúgio
Posso escrever o que quiser, não ofendo ninguém
Falo de mim, fico muito feliz que gostem do que escrevo "obrigado" !
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
É o que eu digo sempre
Não há nada como uma taça
De vinho do Porto
E boa companhia
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
O VINHO DOS MORTOS
O vinho dos mortos
Bebamos o vinho dos mortos
Em homenagem a todos nós os vivos
Com as saudades que ficaram
Nas nossas curtas ou longas lembranças
Memórias nunca esquecidas ou perdidas
Não choreis os que já partiram os mortos
Os mortos já esquecidos
Na escuridão das suas sepulturas ou jazigos
Onde cresce à solta as ervas daninhas, relva e silvas
Sobre os corpos adormecidos que agonizam de dor
Que precisam de procurar a paz
A paz para encontrar caminho, caminho
Dos mortos perdidos, esquecidos
Almas sofridas, doridas, perdidas na funda escuridão
E quando o sol dos tristes esquecer os vencidos
Reze e medite orações, calmas, puras e profundas
Para todos aqueles que vivem mudos e esquecidos
No final bebei o vinho dos mortos
Em memória de todos aqueles que já partiram
Para uma nova jornada os mortos ou os vivos.!
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
A vida é sempre bela